Inteligência e dissimulação
O imbróglio do mau infinito d´ "O Banqueiro Anarquista"
Cláudio R. Duarte
"O intelecto, como um meio para a conservação do indivíduo, desdobra suas forças principais no disfarce" (Nietzsche, "Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral", 1873).
A escrita de Fernando
Pessoa é bastante ambivalente e paradoxal. Foi um dos artistas que
sentiu, no início do século 20, a importância de libertação de máscaras
do sujeito moderno. Mas essa libertação, para ele, é igual à
multiplicação das máscaras. A desidentificação vem da multiplicação de
identidades. Pode-se ver em suas personas poéticas, em seus
"heterônimos", toda uma tentativa de cindir a fortaleza do Ego, uma
poesia que procura fazer aflorar singularmente o inconsciente social da
modernidade. Publicado em 1922, "O Banqueiro Anarquista", uma espécie de
conte philosophique, ou "conto de raciocínio" como denominava o
autor, obra ainda hoje muito pouco lida e pouco analisada, sintetiza
alguns destes aspectos. Trata-se dum diálogo botequinesco entre um
personagem anônimo e um ex-operário, também anônimo, que se tornou
banqueiro, apresentado desde o início como "um grande comerciante e
açambarcador notável". No diálogo, o banqueiro narra seu processo de
formação, procurando demonstrar logicamente porque é realmente
"anarquista" na teoria e na prática. Trata-se, assim, de um conto sobre
razões da ação prático-moral, em que desfilam inteligência e
dissimulação, lógica e disfarce.
* *
Para a consciência esclarecida do
Banqueiro, tal como para os filósofos e economistas do século das Luzes,
a dominação social é assumida como mera fiction sociale,
estranha à Natureza. Para ele, dinheiro, Estado, religião, família etc.
são nada mais que normas arbitrárias que mascaram e dominam a verdadeira
vida natural. Na vida natural, os homens tornam-se iguais e livres de
todas as tiranias sociais. Defendendo esse princípio de modo puro e
intransigente, ele pode recusar tudo aquilo que não lhe seja compatível.
Algumas falas do banqueiro parecem contraposições diretas ao Manifesto Comunista de Marx e Engels (a recusa da "ditadura do proletariado" como apenas mais um "despotismo militar" que só pode gerar uma "sociedade guerreira do tipo ditatorial");
e é com rigor lógico que vários motivos anarco-comunistas vão sendo
conseqüentemente apresentados – mas tudo construído sistematicamente
para ser destruído no fluxo discursivo. Com efeito, a verve
anárquica do banqueiro é, através de uma coerência lógica sistemática,
algo totalmente iconoclasta, até o ponto de conduzi-lo ao completo isolamento, à maneira do anarquismo individualista de "O único e sua propriedade"
de Max Stirner. É verdade, diz ele, que somente uma revolução social
pode superar efetivamente a opressão, mas, na prática concreta, até
mesmo os pequenos grupos anarquistas, sem muita influência, produzem
novas formas de tirania, acrescentando-as às já existentes:
"Uns mandavam em outros e levavam-nos
para onde queriam; uns impunham-se a outros e obrigavam-nos a ser o que
eles queriam; uns arrastavam outros por manhas e por artes para onde
eles queriam. Não digo que fizessem isto em coisas graves; mesmo, não
havia coisas graves ali em que o fizessem. Mas o fato é que isto
acontecia sempre e todos os dias, e dava-se não só em assuntos
relacionados com a propaganda, como fora deles, em assuntos vulgares da
vida. Uns iam insensivelmente para chefes, outros insensivelmente para
subordinados".
Assim
sendo, apenas a liberdade individual, na sua total pureza, pode dar
início à libertação da tirania social. Só isso torna-se realmente,
segundo ele, uma verdade prática, coerente com a teoria anarquista da
liberdade, não uma verdade restrita ao nível teórico-discursivo. Como
então agir efetivamente contra as convenções sociais ? Ora, o dinheiro,
como a mais poderosa ficção, apenas poderá ser "subjugado" furtando-se a
seu poder:
"Como subjugar o dinheiro, ou, em palavras mais precisas, a força,
ou a tirania do dinheiro? Tornando-me livre da sua influência, da sua
força, superior portanto à influência, reduzindo-o à inatividade pelo
que me dizia respeito a mim. Pelo que me dizia respeito a mim,
compreende V.?, porque eu é que o combatia; se fosse reduzi-lo à
inatividade pelo que respeita a toda a gente, isso não seria já
subjugá-lo, mas destruí-lo, porque seria acabar de todo com a ficção do
dinheiro. Ora, eu já lhe provei que qualquer ficção social só pode ser
´destruída´ pela revolução social, arrastada com as outras na queda da
sociedade burguesa".
Primeiramente,
provou-se que uma revolução social só poderia se concretizar no esforço
isolado, libertário, autenticamente individual. Por outro lado, não
basta fugir à influência do dinheiro, virar-lhe as costas, ir para o
campo, isolar-se completamente. Como na boa crítica imanente dialética, o
combate precisa ser assumido no campo do adversário. Descartadas outras
formas de ação, resta apenas uma:
"O processo tinha que ser outro
- um processo de combate e não de fuga. Como subjugar o dinheiro,
combatendo-o? Como furtar-me à sua influência e tirania, não evitando o
seu encontro? O processo era só um - adquiri-lo, adquiri-lo em
quantidades bastante para lhe não sentir a influência; e em quanto mais
quantidade o adquirisse, tanto mais livre eu estaria dessa influência".
Furta-se
então ao poder do dinheiro não pela fuga, mas através de enriquecimento
pessoal: assim fazendo, acumulando-o, pode-se livrar-se de seu poder.
Conclusão: o anarquista que se torna um banqueiro – só este realmente é
um anarquista coerente, em sentido prático, não só no discurso teórico.
Sem sofismas aparentes, o paradoxo se ergue claramente:
"Trabalhei, lutei, ganhei dinheiro;
trabalhei mais, lutei mais, ganhei mais dinheiro; ganhei muito dinheiro
por fim. Não olhei o processo - confesso-lhe, meu amigo, que não olhei o
processo; empreguei tudo quanto há - o açambarcamento, o sofisma
financeiro, a própria concorrência desleal. O quê?! Eu combatia as
ficções sociais, imorais e antinaturais por excelência, e havia de olhar
a processos?! Eu trabalhava pela liberdade, e havia de olhar as armas
com que combatia a tirania?!"
Por fim, a "liberdade" é triunfalmente celebrada:
"Hoje
realizei o meu limitado sonho de anarquista prático e lúcido. Sou
livre. Faço o que quero, dentro, é claro, do que é possível fazer. O meu
lema de anarquista era a liberdade; pois bem, tenho a liberdade, a
liberdade que, por enquanto, na nossa sociedade imperfeita, é possível
ter. Quis combater as forças sociais; combati-as, e, o que é mais,
venci-as.''
Claro,
diz ele, que não haverá contradição em se usar o dinheiro, até mesmo
valendo-se de métodos desleais para obtê-lo e para atingir a liberdade,
pois ninguém se torna um opressor por simplesmente usar uma "ficção
social", que, pelo menos aparentemente, não tem origem em qualquer ação
dum sujeito simplesmente individual.
"A tirania, que pode ter resultado da minha ação de combate contra
as ficções sociais, é uma tirania que não parte de mim, que portanto eu
não criei; está nas ficções sociais, eu não ajuntei a elas. Essa tirania
é a própria tirania das ficções sociais; e eu não podia, nem me propus,
destruir as ficções sociais. Pela centésima vez lhe repito: só a
revolução social pode destruir as ficções sociais; antes disso, a ação
anarquista perfeita, como a minha, só pode subjugar as ficções sociais,
subjugá-las em relação só ao anarquista que põe esse processo em
prática, porque esse processo não permite uma mais larga sujeição dessas
ficções. Não é de não criar tirania que se trata: é de não criar
tirania nova, tirania onde não estava. Os anarquistas, trabalhando em
conjunto, influenciando-se uns aos outros como eu lhe disse, criam entre
si, fora e à parte das ficções sociais, uma tirania; essa é que é uma
tirania nova. Essa, eu não a criei. Não a podia mesmo criar, pelas
próprias condições do meu processo. Não, meu amigo; eu só criei
liberdade. Libertei um. Libertei-me a mim. É que o meu processo, que é,
como lhe provei, o único verdadeiro processo anarquista, me não permitiu
libertar mais. O que pude libertar, libertei".
* *
Encravados no tom sério da argumentação, donde vêm o humor e a ironia
desse texto ? Da encenação de movimento ascendente à queda grotesca do
final, na clara repetição do sempre o mesmo: se o banqueiro, sozinho,
tornou-se melhor anarquista, ou pelo menos mais "coerente" que os outros
anarquistas "de bombas e sindicatos" – claro que tudo muda para ele, mas nada de substancial muda no todo.
Algo do inconsciente social da forma-mercadoria vêm à tona neste
trajeto. A série de argumentos reunidos apresentados vai em direção à
dispersão. O discurso que põe a necessidade da revolução social escorre
inexoravelmente no sentido da individualização monádica do sujeito-monetário.
Da presumida revolta à revolução social assumida, desloca-se à ação
individual completamente equívoca, e, assim, à reafirmação do
capitalismo pura e simples, com a constatação fatalista das
irremediáveis desigualdades naturais (de inteligência e vontade) entre
indivíduos. Como diria Hegel, apresentando a dialética da "consciência
nobre" (edelmütige Bewusstsein) e "da consciência vil" (niederträchtig Bewusstsein): "a arrogância toma o lugar da revolta" (Fenomenologia do Espírito.
Petrópolis, Vozes, vol. 2, p.55). O combate social efetivo se perde,
nenhuma experiência coletiva se constitui, nenhuma síntese superior se
produz. A anarquia libertária desliza e desemboca na velha anarquia da
produção capitalista. O "riso alto" do banqueiro, no final de sua exposição, tem algo de sarcástico, cínico, perverso, com um ar de família do sobrinho de Rameau de
Diderot, que, na sua consciência dilacerada, constatava: "Ouro, ouro. O
ouro é tudo, e o resto, sem ouro, não é nada" (Diderot, Le neveau de Rameau).
A vaidosa loquacidade do banqueiro, supostamente de um sujeito
autônomo, era apenas dissimulação hipócrita do verdadeiro sujeito do
processo, o equivalente-geral, o capital-dinheiro. Mantendo-se como mera
"visão moral de mundo" ela tem de incorrer num constante "deslocamento
dissimulado" (Verstellung), conforme outra figura crítica de Hegel na Fenomenologia.
O banqueiro, enfim, apenas consegue reafirmar a gasta ideologia
burguesa da liberdade pessoal pela concorrência e pelo trabalho. Mas, ao
fim, revela seu fundo falso, cinicamente assumido, nos métodos desleais
de açambarcamento comercial. Em suma, seu processo de formação não leva
à autonomia social, mas ao cínico sujeito-monetário bem logrado (aliás,
do latim: lucrum).
A retórica do banqueiro, no entanto, desde o início dava sinais de ser o
disfarce astucioso da forma abstrata "egoísta" do proprietário. Desde o
princípio, o banqueiro exprimia orgulhosamente sua superioridade
arrogante: "Eles são anarquistas e estúpidos, eu anarquista e inteligente". Isto, aliás, um dom da natureza: uma "inteligência naturalmente lúcida e uma vontade um tanto ou quanto forte". Inteligência e vontade de devorar o outro, engoli-lo em sua argumentação: as "bestas que defendem a ‘ditadura do proletariado’",
os tirânicos anarquistas de grupo, os concorrentes da selva
capitalista, o próprio interlocutor e suas objeções lógicas – todos são
esmagados pelo rolo compressor de sua retórica, de sua práxis real de
capitalista. Assim, na malandragem de sua argumentação ele pode usar
todas as "manhas" e "artes" que tinha rejeitado nos
grupos anarquistas. O eu subjuga e anula o outro, pela força hipnótica
da argumentação dissimuladora. Noutro momento de sua argumentação, dita "materialista",
irá afirmar o egoísmo, a busca do prazer para si, como condição
natural. Coloca, então, a noção de dever (de solidariedade e bem
coletivo) sob suspeita: como seria ela natural se contraria nosso
egoísmo, nosso instinto de autoconservação natural? Sua resposta será
subordinar a meta social à individual:
"Esta idéia de dever, isto de solidariedade humana; só podia
considerar-se natural se trouxesse consigo uma compensação egoísta."
Aqui vem à tona a forma social do moderno sujeito da concorrência. O interlocutor, ofuscado pelo raciocínio, ainda reclama: "V. não resolveu a dificuldade... V. foi para diante por um impulso absolutamente sentimental..." - mas está ali justamente para ser embrulhado por mais um deslocamento dissimulado: "É curioso...[diz o interlocutor] - É... Agora deixe-me continuar na minha história".
Nesses deslocamentos dissimulados, seu modo de existência é o do limite,
claro-escuro, entre o moral e o imoral, a potência e a impotência, o
ser e o nada. Por um lado, sua sóbria postura e seriedade, expostas em
seus gestos firmes e límpida retórica, são disfarces de sua impostura e
descaramento. Da hipócrita defesa da liberdade intransigente passa-se à
defesa liberal totalmente cínica da dominação. De um argumento como
este...
"Claro está que não temos que olhar a não
estorvar a `liberdade' dos poderosos, dos bem situados, de todos que
representam as ficções sociais e têm vantagens delas. Essa não é
liberdade; é a liberdade de tiranizar, que é o contrário da liberdade.
Essa pelo contrário, é o que mais devíamos pensar em estorvar e em
combater."
... desloca-se e treslouca-se a este:
"A
tirania, que pode ter resultado da minha ação de combate contra as
ficções sociais, é uma tirania que não parte de mim, que portanto eu não
criei; está nas ficções sociais, eu não ajuntei a elas. Essa tirania é a
própria tirania das ficções sociais; e eu não podia, nem me propus,
destruir as ficções sociais".
Mas esse poder é simulação ele próprio. No fundo, o banqueiro é tão impotente quanto os seus outros:
"eu não podia, nem me propus, destruir as ficções sociais", ou seja,
"a ação anarquista perfeita, como a minha, só pode subjugar as ficções
sociais, subjugá-las em relação só ao anarquista que põe esse processo
em prática, porque esse processo não permite uma mais larga sujeição
dessas ficções (...)O próprio processo me impedia de fazer mais. Que
mais podia fazer?".
Em outras palavras, como diz o próprio banqueiro, se julgamos a sociedade anarquista impossível, pela "boa lógica", "seremos defensores do regime burguês". Potente de fato é o fetiche do dinheiro, que não tem nada de pura ficção: pois é a abstração terrivelmente real do "trabalho socialmente necessário" ou "trabalho social abstrato" (Marx, O Capital). Seu poder encarnado no indivíduo capitalista, sim, tem algo de fictício, de pura contingência, como uma mera máscara de seu "capital-fictício"
(Marx, ibid.). Só assim, no imbróglio de sua argumentação paradoxal,
ele pode se reconciliar cinicamente na mais absoluta dilaceração: "Eu
libertei-me a mim; fiz o meu dever simultaneamente para comigo e para
com a liberdade. Por que é que os outros, os meus camaradas, não fizeram
o mesmo? Eu não os impedi".
Mas, por fim, o
eu que subsume o outro e a si torna-se vazio. Por trás do anonimato do
banqueiro (e de seu interlocutor) já se vislumbrava a vã máscara mercantil fetichista. Por trás da máscara do sujeito-monetário há o nada. "De telles gens ne sont ni parents, ni amis, ni citoyens, ni chrétiens, ni peut-être des hommes: ils ont de l’argent", dizia La Bruyère ("Tais pessoas não são nem pais, nem amigos, nem cidadãos, nem cristãos, nem homens, talvez: elas têm dinheiro"),
num momento de consolidação da forma-dinheiro na sociedade européia.
Não só o poeta dos heterônimos, mas também "Fernando Pessoa ele mesmo"
constatava isso, num de seus escritos não-literários:
"o comerciante não tem personalidade, tem comércio; a sua
personalidade deve estar subordinada como comerciante, ao seu comércio; e
o seu comércio está fatalmente subordinado ao seu mercado, isto é, ao
público que o fará comércio e não brincadeira de crianças com escritório
e escrita" (Fernando Pessoa, "A essência do comércio").
* *
São conhecidos
os pendores nacionalistas, místicos e mesmo autoritários de Fernando
Pessoa, não obstante todo seu ceticismo moderno – típicos aliás de um
leitor de Nietzsche. Definiu-se politicamente como liberal,
anti-socialista e anti-comunista. Sabe-se também que apoiou
indiretamente, em certo contexto histórico, o começo da ditadura de
Salazar, apesar de mais tarde remedar saticaricamente dela. Talvez, "O
Banqueiro Anarquista" estava inserido em tal contexto
objetivo-subjetivo: rebaixando ideologias revolucionárias através do uso
de seus próprios meios, isto é, da argumentação esclarecida, o texto
poderia implicitamente ter a intenção de legitimar a necessidade de um
Estado autoritário para o desenvolvimento moderno de nações periféricas;
a mofa posterior do ditador sendo apenas a de uma ditadura que se
tornou "mesquinha" demais, "menor" do que a "necessária", incongruente
com a grandeza pátria imaginada pelo cantador de "Mensagem".
Mas não se pode julgar um texto simplesmente pelas intenções do autor,
se é que essas eram elas. Em todo caso, o trabalho literário é mais que
um documento histórico factual. Tal texto pode ser, talvez, libertado da
voz pessoal do autor. Um texto é virtualmente múltiplo, ambivalente,
tal como os heterônimos de Pessoa prometiam ser. O paradoxo armado não é
simplesmente o falso ou o meramente ideológico. Contradições foram
aparentemente dirimidas, mas para nós, nas entrelinhas, foram
apresentadas e aprendidas: a esterilidade da verve esclarecida que gira
em falso, na má infinidade do discurso lógico, sem teor prático efetivo,
sem real superação (Aufhebung).
O leitor turco talvez encontrará no
"Banqueiro Anarquista" um traço familiar em sua própria tradição
narrativa. Tal forma narrativa paradoxal, fundada no regime da má
infinidade, da contradição dissimulada, é algo comum às "periferias do
capital"(Schwarz): pense-se na obra crítico-negativa do brasileiro
Machado de Assis (especialmente em "Memórias Póstumas de Brás Cubas"),
na obra de Goethe na Alemanha, ou em Dostoiévski na Rússia. Mas, talvez,
na cultura pós-moderna do capitalismo mundializado atual, que patina em
suas próprias contradições sem sair do lugar, não será difícil
reconhecer por todos os lugares, em todos os níveis, as mesmas
estratégias hipócritas e cínicas do discurso de nosso banqueiro.
(setembro/outubro 2005. Texto para uma apresentação da tradução turca do livro).